A primeira visita do fotógrafo Leopoldo Kaswiner ao bairro Quebra Pote, em São Luís, aconteceu em um dia especial: durante a Procissão de São Pedro, festa marcada pela devoção popular e pela simplicidade que encanta. Para quem já transformou a fotografia em uma forma de viver e se conectar com o mundo, a experiência não poderia ter sido mais marcante.

“Assim que cheguei e vi aquele movimento na beira do rio, os barquinhos... tive a certeza de que estava no lugar certo. Sou apaixonado por barcos, e aquela cena me encheu de expectativa. Mesmo antes da procissão começar, sabia que sairia dali com imagens especiais”, relembra Leopoldo.

Aos 64 anos, o cearense filho de uma mãe nordestina e de um judeu polonês refugiado da guerra, tem uma longa relação com a fotografia. O início dessa história remonta a 1979, durante uma viagem ao estado do Oregon, nos Estados Unidos, onde comprou sua primeira câmera. “Desde então, a fotografia é como respirar para mim. Não consigo viver sem ela”, confessa.

No Quebra Pote, o olhar apurado de Leopoldo encontrou mais do que paisagens bonitas. A fé e a simplicidade dos moradores foram o destaque. “A procissão era pequena, mas carregava uma energia incrível. Tudo feito com muito coração. As pessoas foram acolhedoras, abriram espaço para as fotos, e, por um momento, me senti como se aquele evento fosse só para mim. Foi uma conexão imediata e inesquecível”, conta, emocionado.

Referências 

Leopoldo é apaixonado pelo Maranhão, estado que ele considera sua maior fonte de inspiração. Desde sua primeira visita, em 1997, o fotógrafo retornou diversas vezes, sempre buscando registrar a riqueza cultural e natural da região. “O Maranhão me transformou. Sua cultura me abriu os olhos para um mundo novo. Às vezes, sinto que deveria ter nascido aqui. Me sinto extremamente fascinado pela Festa do Boi Bumbá e Boi Brilho de Areia Branca. Tenho um carinho enorme pela  Ilha dos Lençóis, em Cururupu”, relembrou. 

Projetos futuros não faltam. Atualmente, ele trabalha em parceria com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) em projetos que exploram a cultura e a natureza do estado. Entre os temas que mais o fascinam estão os Lençóis Maranhenses e a Festa do Divino, em Alcântara. “São lugares e tradições que nunca deixam de surpreender. Quero continuar explorando tudo isso e mostrando ao mundo”, afirma.

As imagens que Leopoldo capturou durante a Procissão de São Pedro refletem sua sensibilidade em transformar cenas simples em narrativas visuais ricas e cheias de significado. Para ele, fotografar não é apenas registrar o que está diante dos olhos, mas transmitir o que está no coração de quem vê. “O Quebra Pote me deu um presente, e espero ter conseguido devolver isso com as fotos que fiz”, finalizou.